Brasil

Extremistas que apoiam Bolsonaro são investigados por ameaça a governador do DF

Salma Ataíde

Publicado em 22 de junho de 2020 às 16:53 | Atualizado há 5 anos

Proprietário de uma chácara, no Distrito Federal, que abrigava grupos extremistas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), está sendo investigado pela Polícia Civil (PC), por injúria e ameaça contra o governador Ibaneis Rocha (MDB). Também são atribuídas a ele a suspeita de financiar o grupo que realizou protestos antidemocráticos na capital.

A propriedade supostamente pertencente a André Luís Bastos de Paula Costa, fica na região de Arniqueira, distante cerca de 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes, e foi alvo de uma operação neste domingo (21).

Conforme os investigadores em 13 de junho, o empresário gravou um vídeo contendo ofensas contra o governador do DF. “Nós vamos te pegar, seu safado. Nós estamos aí para defender o presidente, o recado está dado”. O fazendeiro é de Goiás, apesar da propriedade no DF, de acordo com a polícia, tem passagens pela delegacia por esfaquear um idoso, em abril de 2018. A PC informou que o governador não registrou queixa sobre o caso.

O delegado Leonardo Castro, da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), afirmou nesta segunda-feira (22), que o fazendeiro será intimado para depor, “mas ainda sem previsão de data”. A suspeita é de que ele seja um financiador e também tem realizado manifestações, mas o fato ainda a ser confirmado é sobre ele ter disponibilizado o imóvel para a reunião”.

Ocorreu domingo (21), na chácara, uma operação da PC que apreendeu fogos de artifício, anotações com planejamento de ações e discursos, cartazes, celulares e um cofre usado por três grupos de extremistas. A propriedade está em nome do suspeito. Ninguém foi preso.

Para o delegado, a ação acontece paralelamente ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura atos antidemocráticos. Castro destacou que a ação ocorreu após a polícia tomar conhecimento de ameaças e de atos contra os Três Poderes, logo após a desmobilização dos acampamentos, nas Esplanadas dos Ministérios, no último dia 14 de junho. ” Foi declarado por eles na manifestação de domingo que haveria uma grande surpresa aos governantes. Isso foi mais um indício de apressamos a operação para realizarmos essa medida de busca”, pontuou o delegado.

Para o Cecor, as buscas fazem parte do inquérito que investiga “a possibilidade de um crime de milícia privada ou uma associação criminosa. O que séria o caso desse grupo ter combinado essa aglomeração com o objetivo de cometer esses crimes. Nestes casos, não serão punidos apenas as pessoas que cometeram esses crimes, mas todos que participaram do grupo ou tiveram a intenção de se agrupar”, explicou o delegado.

Segundo a PC, “existem crimes que são da Polícia Federal (PF) e da Justiça Federal, e outros crimes cometidos que devem ser apurados pela Polícia Civil do Distrito Federal”. O mandado de busca na chácara de Arniqueira foi concedido na noite de sexta-feira (29), pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).

A PC na ocasião apreendeu notas fiscais, que segundo as investigações apontam para uma “prestação de contas”, que é um indício de financiamento do movimento. As notas eram principalmente de compras de alimentos. A quantidade daria para cerca de uma semana”. Um cofre que estava na área externa da casa também foi apreendido, mas a PC ainda não analisou o conteúdo.

Esquema de segurança

Para o delegado Leonardo Castro, há duas casas no terreno usadas como “bases de apoio para os grupos”. O policial afirmou que acredita que o local era usado para receber pessoas de outros estados, para reuniões e planejamento de ações. No local foram apreendidos manuscritos com esquemas e croquis.

“Nós investigamos crimes. Essas pessoas vêm se manifestando e, às vezes, ultrapassando o limite da liberdade de expressão e comentando crimes contra honra, ameaças. Quando ultrapassa esse limite isso passa a ser crime”, assegurou o delegado.

Sara Winter

A representante de um dos grupos de extrema- direita que estavam concentrados na chácara de Arniqueira, Sara Winter, está presa desde o início da semana passada, por ordem do ministro Alexandre Morais, do STF. Morais prorrogou a prisão da extremista Sara Giromini. Além de Sara, outras cinco pessoas tiveram a prisão provisória prorrogada com base na investigação sobre atos antidemocráticos praticados em Brasília.

Esse maio passado, a região da Esplanada dos Ministérios havia se tornado local de acampamento para grupos extremistas que apoiam o presidente Jaír Bolsonaro. Em junho, após uma determinação do governador do Distrito Federal.

Conforme o GDF, a desocupação vinha sendo negociada. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) já havia pedido ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), a desmobilização do acampamento de apoiadores do presidente. O órgão compara o movimento a uma “milícia armada”.No entanto, a solicitação foi rejeitada.

Ao julgar o pedido do MP, o juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona entendeu que a restrição “não é idônea”[íntegra] para garantir a sobrevivência da liberdade de pensamento, da liberdade de locomoção e ao direito de reunião”. Os promotores chegaram a ingressar novos documentos em recurso para tentar, mais uma vez, desmobilizar o acampamento. A pedido do MP, a PC passou a investigar integrantes.

*Com informações do G1

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