Mulheres compartilham histórias de limitações e dificuldades para apoiar o empoderamento feminino
Redação DM
Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 17:30 | Atualizado há 5 anos
O debate em torno do fortalecimento das mulheres e desenvolvimento da igualdade de gênero tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. A força do movimento foi observada e comprovada por meio do estudo de tendências criativas de 2017, produzido pela agência de banco de imagens Shutterstock. A empresa revelou que a principal tendência de busca por imagens no país se refere ao empoderamento feminino.
Essa luta pela equidade também está presente no universo corporativo. A cada três meses, um grupo de cerca de 30 mulheres da Consciente Construtora e Incorporadora participa do Programa Empodera, desenvolvido com o objetivo de reunir as colaboradoras do escritório e das obras da empresa e promover um espaço fraterno de troca de experiências. O próximo encontro do grupo está marcado para a próxima sexta-feira (7), às 8 horas, no Setor Bueno, em Goiânia, quando vão aprofundar sobre a relação de amor e dor com as mulheres da família.
A iniciativa contribuiu para que a construtora recebesse o prêmio WEPs (Empresas Empoderando Mulheres) em outubro de 2019, durante cerimônia realizada em São Paulo. Entre os objetivos da premiação se destacam o incentivo e o reconhecimento dos esforços das empresas que promovem a cultura da equidade de gênero e o empoderamento da mulher no Brasil. A iniciativa é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do United Nations Women (Onu Mulheres), com suas representações brasileiras, a Rede Brasileira do Pacto Global da ONU e a ONU Mulheres no Brasil.
União e superação
Uma das participantes do Empodera é a analista de atendimento técnico, Cárita Nepomuceno, que trabalha na empresa há seis anos, e viu no grupo o conforto para dividir seus dramas. “Vivemos em uma sociedade que é ditadora de padrões e eu não conseguia aceitar meu cabelo do jeito que ele era. Desde pequena sempre tive vontade de alisá-lo porque falavam que meu cabelo era ruim”, conta a analista. Ela ainda afirma que sofria bullying de seus colegas de escola por conta dessa situação. “Um dia saí chorando da sala de aula porque respondi a uma pergunta da professora e outra pessoa me mandou calar a boca porque meu cabelo só servia para tirar e lavar a louça. A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi pedir para a minha mãe pagar um salão para alisar meu cabelo”, disse Cárita.
Histórias como a de Cárita são compartilhadas em uma roda de conversa, onde mulheres são convidadas a contar um pouco sobre suas histórias e motivar a autovalorização, o despertar da autorreflexão e ressignificarem a forma como se enxergam e que se posicionam diante de seus relacionamentos. De acordo com a analista de Responsabilidade Social, Flávia Oliveira, idealizadora do Empodera, o programa teve início em outubro de 2018 e tem apresentado bons resultados, principalmente na relação diária entre as mulheres e consigo mesmas. “A cada encontro é abordada uma temática diferente, mas que vai ao encontro dos assuntos que elas vivenciam no dia a dia. O objetivo é justamente promover um espaço de fala e de escuta respeitosa, um espaço de não julgamento, para que elas troquem experiências de limitações e dificuldades enquanto mulheres, buscando enxergar o seu lugar no mundo, reeditando o lugar de mulher começando por dentro delas mesmas”, destaca a analista.
Mudança de vida
Após contar a própria história na roda de conversa, Cárita decidiu mudar o visual e assumir de vez os cachos em fevereiro de 2019. “O início da transição capilar, quando cortei, foi mais complicado porque fiquei preocupada com o que os outros iriam pensar do meu cabelo. Com o tempo, fui me sentindo mais empoderada, principalmente com o apoio da minha família, do meu marido e das mulheres que fazem parte do Programa”, afirma a analista de atendimento da Consciente.
Após o período de aceitação do cabelo cacheado, Cárita passou a ser vista como um exemplo pelas pessoas que vivem ao seu redor. “Claro que ainda aparecem alguns que falam que eu deveria alisar meu cabelo, mas quando encontro pessoas que estão passando pelo mesmo processo, sinto felicidade por prestar todo o meu apoio”, destaca. “Não vivemos só e sempre precisamos de apoio de quem podemos confiar. O abraço das pessoas que te amam é sempre importante para que não soframos recaídas. Pode parecer simples apenas mudar o cabelo, mas, para mim, mudou o meu mundo”, completa.