Cotidiano

Animações premiadas

Diário da Manhã

Publicado em 18 de junho de 2021 às 14:41 | Atualizado há 4 anos

Quatro animações brasileiras foram premiadas na 16ª edição do Festival Anim!Arte. “Òpárá de Òsún: Quando Tudo Nasce”, de Pâmela Pelegrino; “Maria Quitéria Honra e Glória”, de Antonio Jesus da Silva; “Modais”, de Nícolas de Sousa, e “Baiacu”, de Luiza Ishikawa, destacaram-se tanto na votação do júri oficial quanto na popular. A cerimônia de premiação ocorreu no último domingo. A mostra de curtas segue até dia 25 de junho na plataforma Kinow.

Entre os vencedores está o curta-metragem paulistano “Baiacu”. Dirigido e roteirizado por Luiza Ishikawa, foi considerado a melhor animação na categoria Estudantes Brasileiros Maxi Modais, pelo júri popular. Em pouco mais de 120 segundos, o filme conta a história da chegada de um novo peixe a um aquário que já tem outros três moradores. Os animais representam, na verdade, seres humanos, e, por meio deles, o curta trata sobre exclusão social.

“A mensagem que queríamos passar é a de que você não precisa ter as mesmas atitudes que te fizeram mal, é possível quebrar o ciclo”, afirma a estudante de animação de 19 anos. Para produzir “Baiacu”, ela contou com a ajuda de mais seis colegas: Grazi Rosmaninho, Heloisa Pinheiro, Henrique Takashi, João Pedro Lins, Lally Kaguimoto e Felipe Furquim.

Na mesma categoria de Luiza, só que pelo júri oficial, o premiado foi Nícolas de Sousa, com o curta-metragem “Modais”. O videógrafo e estudante de audiovisual potiguar conta que o projeto surgiu de uma brincadeira: “eu postei um vídeo no Instagram, brincando com latinhas de cerveja”. O cantor Silvio Filgueira viu o vídeo e pediu a Sousa que desenvolvesse um videoclipe para sua música Modais.

A animação pareceu, na visão do estudante, a única opção viável para dar vida à canção, devido às limitações da pandemia. Entre junho e outubro de 2020, o quarto de Sousa tornou-se, ao mesmo tempo, ateliê e estúdio de gravação. Com apenas um celular, ele gravou imagens que “mostram como a arte tem o poder de nos fazer viajar”, diz. “Eu jamais imaginei receber esse reconhecimento, só a seleção estava de bom tamanho. Foi felicidade dobrada”, conta.

Na categoria Filme Ambiental, o curta-metragem vencedor, pelo júri de especialistas, foi o baiano “Òpárá de Òsún: Quando Tudo Nasce”, dirigido pela carioca Pâmela Pelegrino. O curta, que também recebeu menção honrosa na categoria Culturas do Mundo, fala sobre diversos aspectos de Oxum, orixá das águas doces, do ponto de vista de povos afro-brasileiros. O roteiro é uma criação coletiva de voluntários do terreiro de candomblé Abassà da Deusa Òsùn de Idjemim.

Pâmela explica que a animação aborda, sobretudo, a relação entre ser humano e natureza. “Em nosso país, falar desse tema é muito importante para pensar tanto sobre os territórios indígenas e quilombolas quanto sobre a necessidade dos terreiros acessarem espaços naturais preservados, que são necessários ao culto”, explica a cineasta e professora.

A cineasta conta que o projeto foi tocado com poucos recursos, como os vindos de um edital da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), e “muito trabalho voluntário e afetivo”. Na visão dela, a vitória demonstra a necessidade do investimento público no cinema nacional. “Há milhões de histórias a serem contadas, falta apenas a oportunidade de produzi-las”, destaca ao defender cotas para povos originários e periféricos em editais de fomento ao audiovisual.

Outro curta-metragem baiano se destacou na disputa. Maria Quitéria Honra e Glória foi considerado o melhor filme na sessão Culturas do Mundo pelo júri popular. O curta produzido em 2019, mas lançado em 2020, fala sobre Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), combatente na guerra da independência na Bahia. (Agência Estado)

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