Cotidiano

Anitta diz que nunca usou Lei Rouanet e revela que recebeu proposta de desvio de verba

Diário da Manhã

Publicado em 8 de junho de 2022 às 14:07 | Atualizado há 3 anos


A cantora Anitta foi o grande estopim da série “CPi do Sertanejo”, pelas redes sociais, e que provocou investigações pelo Ministério Público de shows de sertanejos pagos com verba de prefeitura em todo o país –há casos em Roraima, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso. Depois de mais de um ano da viralização do vídeo em que a cantora Anitta aparece tatuando seu ânus, o assunto voltou a ficar entre os mais comentados das redes sociais em função de uma crítica do sertanejo Zé Neto. nitta falou sobre caso que começou com crítica de sertanejo à tatuagem anal da artista em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, domingo (5).

“Estamos aqui em Sorriso, Mato Grosso, um dos estados que sustentou o Brasil durante a pandemia. Nós somos artistas que não dependem de Lei Rouanet. Nós não precisamos fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta”, disse o sertanejo Zé Neto, em referência à tatuagem íntima da cantora, num show.
Foi daí que surgiu uma onda de críticas ao músico, que, no evento em que debochou de Anitta e da Lei Rouanet, recebeu um cachê de R$ 400 mil da prefeitura de Sorriso, apesar do ataque que fez ao incentivo público cultural.

Desde então, o episódio tem levado a importantes revelações sobre o uso de verba pública em megaeventos de sertanejos. Na semana passada, por exemplo, foi revelado que a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, uma cidadezinha mineira, pagaria ao cantor Gusttavo Lima um cachê de mais de R$ 1 milhão, com uma verba que deve ser destinada somente a saúde, educação, ambiente e infraestrutura.

Hoje, 29 cidades pelo país têm shows investigados pelo Ministério Público —a maioria deles são de eventos de Gusttavo Lima, mas Xand Avião e Wesley Safadão também aparecem entre os cachês suspeitos.

“Meu cachê é esse. Quer assim? Bem”, disse Anitta, quando comentava sobre a “CPI do sertanejo”, como ficou conhecida nas redes sociais a polêmica sobre cachês milionários a sertanejos como Gusttavo Lima pagos por prefeituras Brasil afora.

A cantora também afirmou que nunca usou a Lei Rouanet, pelo qual foi criticada pelo sertanejo Zé Neto durante um show. “Meu irmão é que cuida para mim das coisas. Eu liguei para o meu irmão e para o meu outro sócio, Daniel, e falei ‘gente, eu já usei essa lei?’. ‘Porque eu não lembro.’ Eles falaram ‘não’.”

“Como a gente começou a nossa empresa do nada, a gente está sempre contratando auditoria, porque a gente sempre está com medo de fazer algo, por falta de conhecimento”, afirmou Anitta. Ela disse ainda que já recebeu propostas de desvio de verba. “Eu já recebi propostas. Eu e meu irmão. ‘Você cobra tanto, aí eu vou e pego um pedaço.’ Eu falei não.”

Anitta ainda contou a história por trás da tatuagem que fez no ânus, há cerca de um ano, que também foi ironizada pelo sertanejo Zé Neto. Segundo ela, a ideia partiu de uma brincadeira que fez com o pai, que queria fazer uma tatuagem. “Ele falou que doía, mas ele queria muito fazer.”

Então, para incentivar o pai, ela disse que faria uma tatuagem no lugar mais sensível do corpo. “A gente até deu um Google, aí foi esse lugar e eu tive que fazer, né”, contou. “A tatuagem que está causando no Brasil. E eu achei que estava só me divertindo com os meus amigos.”

Investigações
Involuntariamente, Anitta foi quem deu início a uma série de investigações em torno de shows de sertanejos pagos por prefeituras. A polêmica pôs o Ministério Público na cola de administrações públicas de cerca de 30 cidades de Roraima, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso. Desde então, o episódio tem levado a importantes revelações sobre o uso de verba pública em megaeventos de sertanejos.

Na semana passada, por exemplo, foi revelado que a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, uma cidadezinha mineira, pagaria ao cantor Gusttavo Lima um cachê de mais de R$ 1 milhão, com uma verba que só pode ser destinada à saúde, educação, ambiente e infraestrutura.

Hoje, 29 cidades pelo país têm shows investigados pelo Ministério Público. A maioria deles são de eventos de Gusttavo Lima, mas Xand Avião e Wesley Safadão também aparecem entre os cachês suspeitos.



Gusttavo Lima nega desvio de verbas públicas

O cantor Gusttavo Lima, de 32 anos, pediu que os fãs rezassem por ele e disse que está prestes a “jogar a toalha” depois uma série de suspeitas em contratações por prefeituras para shows. “É muito triste ser esculhambado, tratado como se fosse um criminoso, um bandido. Aqui existe um ser humano, um pai de família, ninguém aqui é bandido”, disse, em live no Instagram nesta segunda-feira à noite.

Lima afirmou que não tem ligação com dinheiro público e acredita ser alvo de perseguição. Disse ainda que está machucado emocionalmente, mentalmente e fisicamente. “É um peso gigantesco ter que aguentar tudo isso”, afirmou. “Não sei o motivo de tanto ódio, de tanta perseguição”.

O cantor pediu cautela nas acusações e negou irregularidades. Ele admitiu, no entanto, que cobra das prefeituras o mesmo valor dos contratantes privados e afirmou que a única coisa que tem para vender é a sua arte.
Para o cantor, o cachê é uma forma de valorizar a arte. “A gente paga as nossas contas com isso, a gente coloca comida na nossa mesa através do talento”, disse. “Não é porque é uma prefeitura que vou deixar de cobrar o meu valor. Tenho contas, funcionários para pagar.”

Lima contou que em 2019 chegou a fazer 300 shows e que não teve infância por cantar desde os nove anos.

Esforço pessoal
Durante a live, o artista repetiu que todos os seus bens foram conquistados com a garganta. Ressaltou também que paga impostos em dia e tem 500 funcionários diretos. “A minha vida é cantar. Se tenho uma casa boa para morar, vocês podem ter certeza que saiu da minha garganta. Se tenho um carro bom, um barco, um avião, saiu daqui”, afirmou, batendo no pescoço.
Anteriormente, por meio de uma nota, assessores de Lima disseram que o músico “não pactua com ilegalidades” e que não é seu papel “fiscalizar as contas públicas”.

Ele chorou no final da conversa com os fãs e revelou estar cansado, com vontade de sumir “para ver se a perseguição acaba”.

O desabafo do artista foi motivado pela divulgação de informações sobre apurações de contratos para shows. O Ministério Público de Minas Gerais, por exemplo, faz uma apuração preliminar para verificar se houve irregularidades na contratação por R$ 1,2 milhão do artista para um show cancelado em Conceição do Mato Dentro, no interior mineiro.

O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu um inquérito para apurar se houve irregularidades na contratação do sertanejo para um show em Magé, a cem quilômetros da capital fluminense, por R$ 1 milhão.

Em seguida, foi revelado que Lima receberia R$ 1,2 milhão de um cachê ilegal, desviado da Compensação Financeira pela Exploração Mineral, a CFEM, destinada a investimentos em infraestrutura, ambiente, saúde e educação, para um show em Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais. O show foi cancelado e, no último domingo, a prefeitura da cidade afirmou que o cantor não recebeu nem vai receber o pagamento.


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