Qual a sua verdura predileta?
Redação DM
Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 15:46 | Atualizado há 3 anos
Antes que você nem leia esse texto, pois não come verduras, peço-lhe por favor no mínimo sua atenção aos nomes. Nem nos sabores, composições e pratos maravilhosos que possam vir desses alimentos divinos e variados. Apenas na palavra. Que no caso de muita gente, já dá água na boca só de pronunciar.
“Cucumber” é bacana só de falar. Cortar pepino transversalmente, em alta velocidade é muito bom. Depois coloca numa vasilha transparente e borrifa água geladinha. E vai comendo como se fosse uma batatinha. Ao fundo pode ter uma enorme e totalmente gratinada, “chou-fleur”. Para você cortar de qualquer jeito e comer com a boca cheia e satisfeita de ver o queijo ralado dissolvendo no meio do molho branco, podendo ser maionese ou creme de leite, que sempre combina com couve-flor.
E que tal um “barbabietola” cortada em cubinhos na salada? As crianças adoram beterraba porque sabem que elas tingem o cocô e o xixi. Mas deixando de lado as eliminações infantis, o doce; o açúcar da beterraba é poderoso. Existe uma vitamina aqui no Lacerda, ao lado de casa, que é delícia. Não só o sabor, como a cor. Junte com uma “zucchina” aberta e cozida com carne moída dentro. Minha esposa, boa mineira que é, não hesita em colocar queijo derretido nessa curiosa composição com abobrinha.
Falando no “boi ralado”, que tal “minced meat with okra”? Okra, que nome esquisito que dá até nojo. Com a sua baba e suas pequenas sementes? Olha, até a flor do quiabo é comestível e saborosa. Esse muco afasta muita gente, mas é o que mais adoro. Se comer inteiro não tem. Se picar bem pequenininho e fritar, também não tem.
Pode acompanhar com uma saladinha bem simples com “lechuga”. Olha só que nome eufônico para dizer bem alto: – “Lechuga” ! E ajuntar com uma “zanahoria” ralada, crua; claro. Pois cenoura faz bem para os olhos, ou você já viu coelho de óculos? Hoje existe alface de várias origens e formatos. Mas o segredo é simplicidade. Coma, apenas.
Eu nunca soube que teria um filho da cor de uma “aubergine” ou “eggplant”, e ela picada com tomate é a fonte principal do sucesso do “ratatouille” prato simples da cozinha francesa, mais precisamente ao sul, em Nice. Celebrizado pela animação com o mesmo nome, fácil de fazer. Na verdade é um cozidão de verduras onde reina a berinjela. No Maranhão, minha mãe fazia com gosto.
Temperos são donos das sensações mais delicadas, da valorização das texturas e dos sabores mais finos. Ervas finas. Salsinha, gosto demais de “perejil” picadinha e espalhada no filé, amo o “ajo” e esse com camarão ao óleo é campeão. Outro que em excesso domina o gosto de tudo é o “cilantro”, mas servido com parcimônia o coentro costuma enriquecer mil pratos diversos da cultura latina.
Para finalizar um ingrediente que vem em tudo e que faz a diferença: “l’ognion”, “cipolla”, “onion” ou “cebolla”. Parecidos na grafia e bem diversos na pronúncia. Muita gente detesta e pede sempre o prato sem cebola. Mas mal sabem que não existe tempero sem ela. Tudo tem cebola. Apenas você não vê. Poderia citar ela crua sendo descascada com o choro inequívoco. Ou mesmo a famosa e imperdível soupe à l’oignon gratinée, um clássico francês. Mas fico com aquela enorme flor despetalada australiana, o waratah, que é servida no longínquo “outback”. Linda, empanada, não dá para parar de comer.
Enfim; verdura, legume e tempero é bom de cheirar, bom de ver, bom de pegar, bom de falar e ouvir. Mas o melhor é que é muito bom de comer.