Mendanha ignora publicamente investidas de Marconi
Redação DM
Publicado em 14 de abril de 2022 às 16:32 | Atualizado há 3 anos
Pouco antes da pré-campanha esfriar em um período de longo feriado, o principal capítulo da disputa em Goiás se concentrou nas últimas ações do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que tenta a todo custo atrair Gustavo Mendanha (Patriota) para seu projeto eleitoral. Mendanha tem se mantido em silêncio publicamente [o que não impede a realização de diálogos secretos ] sobre as investidas de Marconi, que declarou recentemente na imprensa ter interesse na composição. Nos bastidores, comenta-se que o afastamento é um disfarce para proteger Mendanha em sua última tentativa de se aproximar do PL bolsonarista. Caso dê errado, Marconi e Mendanha podem tentar forçar um “namoro”.
O silêncio mais marcante dentre os dois foi a visita feita por Marconi em Aparecida de Goiânia na segunda-feira, 11. O ex-governador sentiu na pele que visitar a cidade sem a anuência do ex-prefeito não é a mesma coisa. Tanto a prefeitura quanto a Câmara Municipal receberam o tucano que tenta se viabilizar para um cargo majoritário. Numa das imagens que veicularam nas redes sociais, Marconi aparece com um símbolo sobre os 100 anos de Aparecida e mais ao fundo, praticamente escondido, está o prefeito Vilmar Mariano. Nas redes sociais, a cena foi criticada pela forma com que o gestor municipal aparece desengonçado na imagem.
Marconi busca ingressar de qualquer jeito no bolsão de votos de Aparecida de Goiânia para tentar viabilizar sua candidatura ao Senado. Suas investidas têm sido fortes. Mas sua recepção sem Mendanha diz muito: a taxa de rejeição ao seu nome é grande e pode inviabilizar a candidatura do ex-prefeito, daí a distância. Mendanha já tem em mãos pesquisas qualitativas que sugerem afastamento. Mais: a postura de Marconi foi agressiva, ao estilo de décadas passadas, mas sem efetividade, pois os votos de Aparecida continuam estacionados, já que nas últimas eleições para o Senado, prefeitura e gestores públicos pouco influenciaram nas urnas. Para movimentar estas águas paradas só mesmo um grande líder – e olhe lá.
A candidatura de Marconi precisa se viabilizar em algum nicho de votos consolidados, caso contrário ele corre o risco de ver o indicativo das pesquisas se esvaindo durante a reta final – a mesma novela ocorreu em 2018. Ele liderava e ficou em quinto lugar. Enquanto Delegado Waldir (União Brasil) marcha forte nas proximidades do tucano, outros dois nomes disputarão os mesmos votos de Marconi: Wilder Morais (PL) e Alexandre Baldy (PP). Juntos, estes dois têm poder de desidratar Marconi, esvaziando sua candidatura majoritária. Wilder tem apoio dos prefeitos e uma fatura a ser cobrada: quando senador ajudou muitos deles. E Baldy tem um núcleo forte de prefeitos unidos e a Prefeitura de Anápolis. E divide votos governistas com Waldir. Eles não apresentam ainda força para desestabilizar o tucano, mas uma vez iniciada a disputa, eles partem para cima. Mais forte deles, Waldir tem o poder de retirar votos por meio da crítica contudente, já que Marconi tem um rol de temas a ser explorado numa campanha. Um debate entre Delegado Waldir e a espécie de político que Marconi se transformou tem tudo para viralizar e desfazer o que parecia sólido no ar.
Última hipótese
Apenas em última hipótese, comenta-se nos bastidores, o ex-governador aceitaria repetir a chapa fracassada de 2018 e compor com José Eliton (PSB), que foi para a legenda de “esquerda” de forma estratégica. Braço direito – e de direita – de Marconi, José Eliton prepara a legenda para ser palanque de Lula em Goiás.
Marconi já teria esta alternativa, já que Major Vitor Hugo tem chapa formada e sequer conversa com o tucano. E Jorcelino Braga e Alcides Rodrigues, principais nomes do Patriota, legenda de Mendanha, têm verdadeira ojeriza ao nome de Perillo. Daí, ainda que enamorados, Marconi e Mendanham podem até viver um louco amor, mas com dias contados.
Ainda que tente esta estratégia, encontrar um bolsão de votos, por meio dos políticos menos expressivos de Aparecida, Marconi teria como sólida a alternativa de se aliar ao PSB e PT e esperar votos do lulopetismo. Mas ele tem dito exatamente o contrário em um vídeo que parece produzido para sustentar seu discurso anti-Lula e despistar os analistas.