Soraya e vice de Tebet indicaram R$ 114,4 mi em emendas em 3 anos
Redação DM
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 13:55 | Atualizado há 3 anos
A
presidenciável Soraya Thronicke
(União Brasil) foi beneficiada com R$ 95,2 milhões em
emendas do orçamento secreto nos últimos três anos. Ela é senadora por Mato
Grosso do Sul e foi aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas rompeu com
ele por discordar da condução do governo na pandemia da covid-19.
Além de
Soraya, a senadora Mara Gabrilli(PSDB-SP)
apadrinhou R$ 19,2 milhões em emendas secretas em 2020. Ela concorre ao cargo
de vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), que tem classificado o
orçamento secreto como o “maior esquema de corrupção do planeta”. Simone
declara não ter recebido nenhum valor. As três são as únicas parlamentares que
disputam a presidência na eleição deste ano.
O
orçamento secreto, revelado pelo Estadão,
consiste na liberação de verbas federais para deputados e senadores sem
transparência. Não é possível saber quais parlamentares o governo atendeu e
quais foram os critérios para o pagamento a não ser que eles queiram informar.
O esquema começou a funcionar em 2020, com R$ 20,1 bilhões, e chega a R$ 16,5
bilhões neste ano, período de eleições.
A
liberação se tornou um dos maiores escândalos do governo Bolsonaro e chegou a
ser barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, mas foi
destravada após reação do Planalto e da cúpula do Congresso. As verbas são
carimbadas pelo relator-geral do Orçamento no Congresso e entram em uma rubrica
marcada tecnicamente como “emendas RP-9″.
Formalmente
quem aparece como autor da indicação da verba para determinada localidade é o
relator-geral da Orçamento, mas, na verdade, a destinação dos recursos para
redutos eleitorais segue pedidos feitos por parlamentares, cuja identidade não
é possível verificar. O governo, por sua vez, libera o dinheiro para comprar
apoio político no Legislativo.
Críticas a Bolsonaro
Bolsonaro
foi alvo de críticas em função do orçamento secreto durante debate entre os
principais candidatos à Presidência, na noite de domingo, 28. Tebet classificou
o esquema como “o maior escândalo da história do Brasil”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes, também são críticos ferrenhos do atual presidente e prometem acabar com o esquema caso eleitos. O Congresso, porém, se movimenta para manter os recursos independentemente de quem for escolhido em outubro.
No
primeiro ano, Soraya indicou um total de R$ 7,9 milhões, conforme ofícios
encaminhados pelo gabinete da senadora ao Supremo Tribunal Federal (STF), que
exigiu transparência do processo. No ano seguinte, a quantia saltou para R$
45,6 milhões. Em 2022, até agosto, ano de eleições, a candidata a presidente
foi beneficiada com R$ 41,7 milhões para seus redutos eleitorais.
A
candidata a vice de Simone Tebet, senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), indicou
19,2 milhões em 2020, de acordo com documentos enviados ao STF. A senadora
tucana enviou as verbas para 19 municípios, irrigando os redutos eleitorais com
recursos para postos de saúde e hospitais. Mara Gabrilli é crítica do governo
Bolsonaro no Senado e foi escolhido como candidata a vice-presidente após o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) abrir mão de concorrer à vaga.