Política

67,5% dos eleitores têm medo de agressão por motivos políticos

Redação DM

Publicado em 16 de setembro de 2022 às 13:49 | Atualizado há 3 anos

Pesquisa Datafolha,
encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Pela de Ação Política
pela Sustentabilidade, mostra que 49,9% dos eleitores têm “muito medo” de
agressão por motivos políticos, e 17,6%, “pouco medo”. Somados os números, o
índice chega a 67,5%. Por outro lado, 32,5% afirmaram não ter medo algum.

O levantamento,
realizado com 1.200 pessoas em 130 municípios, também apontou que 3,2% dos
entrevistados sofreram ameaças devido a motivos políticos durante o mês de
julho. A margem de erro é de 2%.

No dia 9 de setembro, um bolsonarista confessou ter matado a facadas e machada um apoiador do ex-presidente Lula (PT), no Mato Grosso. Um mês antes, outro caso envolvendo a morte de um petista por um eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorreu em Foz do Iguaçu.

A
campanha presidencial para as eleições de outubro no Brasil podem
ter como marca uma violência nunca antes vista em nível nacional, apontam
especialistas consultados pela Ansa.

Ambiente tenso

Atrás
nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de uma facada na campanha
de 2018, tem insuflado o discurso contra o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e ameaça até não reconhecer o resultado das urnas. “Claro que
você teve episódios pontuais de violência em outros processos eleitorais, com
morte de vereadores. Mas a gente tem um grau de diferença importante neste ano,
que é o presidente da República promovendo isso, uma violência ideologicamente
fundada. O que a gente vê agora é uma coisa muito mais séria: é um presidente
insuflando um monte de gente para atacar e até possivelmente matar seus
adversários, que viraram inimigos”, destaca o cientista político Cláudio
Couto, da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV Easp), à
Ansa.

O
cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando
também concorda que a disputa eleitoral deste ano “será provavelmente
muito intensa, muito dura e não raro com episódios de violência retórica e,
infelizmente, de violência física”. “Não me espantaria nada se essa agressividade verbal e física
aumentar conforme passar o tempo”, acrescenta.

Episódios
que respaldam as preocupações dos especialistas não faltam. Comícios feitos por
Lula e pelo PT no Rio de Janeiro e em Uberlândia tiveram ataques de drones com
excrementos contra os participantes.

Além
disso, o petista Marcelo Aloizio de Arruda foi morto pelo militante
bolsonarista Jorge Guaranho durante uma festa de aniversário com tema do PT e
de Lula. A agressor foi indiciado por homicídio duplamente qualificado: por
motivo fútil “por preferências político-partidárias antagônicas” e
por colocar em risco a vida de mais pessoas.

“O
cenário está muito consolidado. Pode ter algumas variações, por exemplo, para
uma eleição resolvida ou não no primeiro turno. A não ser, claro, se acontecer
algo imprevisível e extraordinário. Caso contrário, acho que esse jogo já está
dado, e apostaria em um certo derretimento das candidaturas fora da
bipolarização”, ressalta Couto.

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